Pensando em morte, assassínio, guerra e destruição dirigiu-se à multidão. Aplaudido de pé e com uma ovação no minímo ruidosa deixou o palanque. Olhos vidrados, preenchidos de sangue no fundo, reunindo atenções e projectando no inconsciente a palavra morte vezes sem conta. O povo regressa à normalidade com os olhos numa guerra que jamais terminará.
Um homem grita "És um lutador", outro subtilmente "Cuidado, precisamos de ti" , e uma mulher sedenta de sexo grita "Leva-me para a cama e rouba-me o tesouro". O que quis dizer não sei, mas as conclusões são algo óbvias, ou não.
Não consegui sair da frente do palanque, sentado derramei lágrimas, bebi tequilla e reformulei todas as ideias, de um homem que tinha como morte, assassínio e dinheiro os seus sonhos. Passadas horas, ergui apressadamente o meu corpo e corri para casa, senti-me acolhido num ambiente fechado, onde procurava não deixar entrar o cheiro de morte e de sangue.
Bombas caiem...os gritos começam...a vizinha descontrolada grita "mataram-no, mataram-no!"Sem nada ao meu alcance, oiço as tropas devastarem tudo em redor, as crianças aterrorizadas choram. Não vejo nada, as ideias desapareceram, meu deus que se passa, um soldado, uma arma, uma bala... NÃO!
Abro os olhos, passaram meses, estou no hospital rodeado de pessoas que choram, puxam cabelos, gritam...
– Que se passa? Quem são estas pessoas?
– São considerados loucos, tal como o senhor.
– Mas porquê, que fizemos nós?
– Não se lembra... o senhor insurgiu-se várias vezes contra a guerra, rejeitou que a sociedade se assente em valores económicos e o pior de tudo isto rejeitou várias vezes entrar em meios de transportes apinhados de gente saltando para cima dessa mesma gente, empurrando, e causando por isso certos desconfortos.
Não quis acreditar, supostos loucos internados num hospital, onde eu me incluía. Apenas decidi não concordar com a guerra diária de consumismo e loucura económica, rejeitei causar desconforto a outras pessoas, causar stress e fazê-las passar uma viagem difícil, sou então considerado louco?
Rapidamente recordei o homem, apelando à morte, assassínio, guerra e ao sangue sendo aplaudido de pé, e com entusiasmo. Nós éramos considerados loucos por não suportar uma guerra que não queríamos, desejando apenas paz.
Louco serei sem o ser, vendo aplaudir quem o é.
terça-feira, janeiro 16, 2007
Tu és doido...ou não!
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