sábado, setembro 22, 2007

Rotunda

Sábado, parece que terminou uma semaninha daquelas que recordamos sempre, não por bons motivos. Consegui iniciar a semana com um sonho na palma da mão, e quantos de nós não o desejaram já? Pois é, com a mão bem fechada fui avançando os dias, tendo aquele sorriso constante estampado, naquilo a que na mesa de fabrico, designam por face ou cara.
Os dias iam passando, mais longos do que de costume, sem me aperceber a mão foi abrindo e o sorriso dissolvendo-se, em lágrimas involuntárias que apesar da força para contrariar, acabaram por cair...
Dou-me conta e sinto-me triste... somos um produto fabricado ou muitos tentam que sejamos, moldado ao que se deseja, ao que se pede. Seremos sempre uma encomenda pedida pela sociedade e criada por todos os que nela vão vivendo, ou, vão tentando apenas matar.
Aqueles, que não se deixam moldar e muitas vezes são apelidados de "eternos insatisfeitos", são os que têm defeito de fabrico, aqueles que questionam as leis (e aqui tenho de soltar uma GARGALHADA), as leis...
Nos nossos circuitos internos, fomos criados para respeitar as leis, ACIMA DE TUDO.

E se um dia tiveres de matar para defender a lei, não hesites, por favor! Afinal o que está escrito tem mais valor do que aquilo que foi fabricado, facilmente fabricamos outro para o seu lugar. E SEM DEFEITO!

Ontem ouvia alguém descrever um caminho para chegar a um sitio. Engraçado, a mesma pessoa que tantas vezes me vai ensinando o caminho, para chegar a um sitio. Tem tantas rotundas o caminho não é verdade? Nunca percebi bem as rotundas, quando dou por mim estou sempre em inversão de marcha e de volta à rotunda anterior, começa a ser preocupante, terei eu defeito de fabrico? Ou só necessito de perceber as rotundas?
Confesso, e, se calhar estou a cometer mais um erro, afinal não devíamos pensar e apenas obedecer, mas não quero ter os mesmos circuitos que ninguém (nem da suposta alma gémea), quero ter os meus próprios circuitos! Espero que ninguém ouça, não vão eles meter-me na oficina.
E se fossemos tribos, seria tudo tão bom, mataríamos sim, mas por necessidade, não por gozo ou para dar hipótese a alguém de sair na saída certa da rotunda. Seria tudo mais puro, onde se fabrica mas com circuitos diferentes, onde os sonhos não se roubam e até vão fazendo sentido, porque podemos lutar por eles! Aqui não faz parte do sistema operativo de alguns, portanto as protecções tratam de fazer-nos parar quando não lhes podemos ter acesso.

A minha mãe vai-me dizendo...Tens de mudar a tua maneira de pensar, o mundo não é como gostavas que fosse. Ela não tem defeito de fabrico.

2 comentários:

Anónimo disse...

Chama-se a isso, burocracia, e Weber descreveu-o como sendo um sistema de organização perfeita. À outra coisa chamam de normas sociais, serve para manter a ordem e coesão da sociedade. Àquela coisa chamo quebrar de sonhos, porque somos automatos onde só nos pensamentos inconfessavéis somos livres e os desregrados só são apreciados postumamente, daí o ideal da existência sem vida. Nessas tribos também existe uma certa industrialização. É por isso que contínuo a acreditar em fadas e duendes

Marta disse...

Desiludido com a sociedade que te rodeia? Pois é... bem vindo ao mundo real.