segunda-feira, outubro 19, 2009

Nada

Já lá vai um tempo em que eu e tu partilhávamos aqui os meus segredos, os meus pensamentos, as minhas vontades as minha emoções.
Agora penso muitas vezes em vir aqui, tenho saudades de escrever no teu fundo negro com cara de universo profundo, com cara de poço sem fundo, onde ecoam os meus gritos por qualquer coisa, ora liberdade, ora força, ora pelo passado, ora pelo presente, ora até por coisa nenhuma. As coisas têm-se alterado meu caro, desde a última vez, está um pouco diferente.
Nas minhas viagens quase diárias pelos transportes públicos, no meio de multidões tenho observado pessoas, comportamentos, ou tenho apenas lido um livro que me foi oferecido e do qual vou retirando grandes ensinamentos, não tendo ideia concreta e correndo o risco de não saber o que estou a dizer, acho que me falta uma revolução, falta-me uma mudança drástica, que possa dizer, isto é passado, consegui atingir o meu objectivo. Tenho a promessa ou pelo menos a palavra de alguém que me disse construir uma máquina do tempo para me oferecer, o protótipo está criado, a real aguardo com impaciência. E se no meio disto tudo a minha busca incessante fosse pelo passado, por construir um passado coeso, poderia encontrar felicidade nessa objectivo e torná-lo então realizável.
A faculdade começou à um mês, mudei como sabes, mas não me tenho conseguido ambientar, acho que leva o seu tempo e eu estou a ter o meu, mas não me posso descuidar, afinal há um passado para construir, assente num futuro que se tem de viver. Hoje numa aula vi um filme que se passava na Inglaterra de finais dos anos 70, início dos anos 80, já conhecia o dito filme, mas gostei de o ver novamente, o rapaz sobre quem incidia a história a certa altura chorou porque tinha saudades da mãe que morrera recentemente, emocionei-me internamente, sem expressar exteriormente, lembrei-me da minha mãe, acho que não aguentaria, não sei. É duro e foi para mim, por-me na situação dele, tentei retirar-me rapidamente mas ainda me atormentou durante alguns momentos.
Tenho falhado em algumas responsabilidades na faculdade, mas criei agora em mim uma disciplina que seguirei à risca, serei talvez o meu próprio general, não me querendo desiludir mais uma vez por falta de empenho, pois a derrota não chega a ser derrota se nos empenharmos a fundo e no fim pudermos dizer, dei tudo. Eu não tenho dado e por isso tenho sido derrotado constantemente nos últimos tempos.
É comum não mostrar com a devida clareza a minha preocupação com as pessoas que gosto, e depois levam a mal ou não me entendem como gostava que me entendessem, ou melhor eu não me faço entender como gostava de fazer, afinal, a culpa não tem que ser dos outros. Mas gostava que às vezes não me levassem a mal, apenas entendessem a minha preocupação que é sincera. É uma questão de emoções, e quando não as compreendem na verdade fico triste e desapontado comigo mesmo. Sabes, tenho sentido ultimamente que as pessoas têm sempre qualquer coisa má para dizer a meu respeito, e confesso-te que é extenuante, não penso nisto a toda a hora como é claro, mas quando o sinto, é avassalador, acho que me entendes.
O teatro mantém-se na minha vida, apesar das alterações. Não me sinto muito confiante, nem com o mesmo espírito, algo o desgastou, já não sou o mesmo e não se nota alegria nos meus olhos, pensava que ali era um porto seguro, em que todos estão e ninguém se vai embora, seria algo onde sempre estariam todos aqueles que considero parte da minha vida, mas as vicissitudes desta mesma vida e as alterações repentinas, fazem tudo virar num ápice, e com a mesma família que não hesita ajudar-me e apoiar-me a qualquer momento, sinto-me um pouco mais só. Talvez não me devesse segurar tanto, e ser mais leviano, sinceramente não sei, são coisas que sinto, talvez sem nexo, mas sinto.
Há ainda uma "Candeia" que com amor me tenta guiar, mas à qual eu fecho os olhos muitas vezes, sinto que muitas vezes não é justa comigo, mas também não o sou com ela, é assim... muitas vezes fico triste, porque também ela com toda a sua luz, ultimamente tem sempre algum sinal luminoso que significa algo mau sobre mim para dizer, mas é normal todos nós temos sempre algo mau para dizer. O importante é que com os seus sinais constantemente avisto algo bom, e só espero que possamos acertar no trilho. Pois eu não tenho sido muito boa pessoa. E a "Candeia" também precisa de apoio para o caminho.
Tenho sentido muitas coisas más ultimamente, mas falaremos depois.
Tinha saudades tuas, um abraço.

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