Talvez o precise, talvez não esteja se quer talhado para grandes convivências, talvez a solidão e o isolamento me levassem a um estado de aparente paz interior, trazendo-me luz, que outrora não tivera e presentemente não encontro.
O dia a dia que vou vivendo com mais ou menos alegria, sendo que menos alegria facilmente a consigo e mais alegria facilmente a perco, como se fosse uma precisa para a outra, e acaba por ser, mas pelo menos a menos alegria podia dar mais tempo à mais alegria, sem necessidade de a travar...
Esta falta de ar que se vai apoderando de mim, começo a sufocar, e começa a doer, o coração bate forte de mais, causa-me dor e eu não consigo fazer com que pare... dói... pára.... continua a doer... eu quero respirar! Não, não quero... continua.
Entretanto os olhos foram secando, não os olhos directamente mas sim as glândulas que deles parecem fazer sair água... a fonte secou. Não consigo, não vale a pena, talvez me esteja a resignar... acho que me vou sentar, puxar as pernas contra mim, enrolar-me e esconder a cara, tenho vergonha.
Arrasto-me num caminho que na verdade não é o meu... arrasto-me e grito por ajuda num sitio onde ninguém me vai ajudar, onde ninguém o tem de fazer, onde passam ao lado e pouco importa quem está em baixo, vamos seguir...
A certa altura penso em chamar a minha mãe, gritar por ela... sei que no meio de toda esta multidão ela iria ouvir de certeza, talvez os braços dela pudessem aumentar de tamanho e a força duplicar, porque a força de mãe é maior do que qualquer uma, e ela ter força para me segurar no colo, apertar-me contra ela e dizer que já passou, e podia chorar que ela não me largaria por isso, abraçar-me-ia e tentaria enxugar as lágrimas enquanto me dizia uma coisa engraçada para eu me rir... Talvez eu não tenha idade para gritar pela minha mãe, quanto mais ficar ao colo dela para lhe dizer que tenho medo... às vezes gostava que isto da idade não fosse o que é.
O ar continua a faltar, começo a ficar cada vez mais sufocado, e não vou desistir, vou descontrair os braços e não vou desistir de sufocar... talvez seja a única saída.
E a escuridão que me acompanhou, vai-me acompanhando, e acontece quase como na "História do Sr. Sommer", a certa altura larga o cajado e depois a água chega-lhe aos ombros, ao pescoço e acaba por desaparecer no lago... eu desapareci mas na escuridão. Aos poucos, vou-me apagando se é que alguma vez estive aceso, mas creio que sim.
Eu que tantas vezes digo ter nascido na época errada, alguma vez estaria certo na "época certa"? Incógnita sem dúvida... porque não podia eu sentir as coisas como se sente agora? Porque tenho que sentir de outra forma? Que já ninguém quer saber...muito menos sentir...
Mãe puxa-me para ti tenho medo... posso não ligar à idade e ao tamanho? Só hoje... eu sei que tu nem te importas..
Entrei numa casa, e ouvi gritos lá dentro, um quarto ardia, as chamas eram altas e lá dentro estava uma menina agarrada a um ursinho, não parava de chorar e gritar, corri para salvá-la e a morte apareceu no meu caminho...
- Podes salvá-la mas alguém terá de morrer no lugar dela..
- Eu morro...
e no fim morremos os dois, o ursinho sobreviveu.
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1 comentário:
Essa parte da mãe tocou-me imenso. *
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